19.1.09


Sinto-me só, estou só.
Olho e vejo tanto carinho à minha volta, tanta preocupação, tanta dedicação que em mim sinto-me ingrata, que em mim sinto que o não mereço, porque sim, sinto-me só!
Não sei que mão segurar para me levantar, para não chegar a cair... não sei em que corpo me abraçar.
Sinto o vento no cabelo e desdenho o frio que me traz, desdenho o frio que me deixa.
Frio... sinto o frio na cara, no corpo, sinto-o realmente na alma...
As lágrimas teimam em cair, o corpo em querer não ir, o sentimento em não sair... sinto-o tão enraizado em mim, sinto-o como uma erva daninha que teima em não morrer... sinto-o... sinto-o tanto, sinto-o mais...mais do que me posso permitir sentir... mais do que pensei poder sentir!
Porque o sinto, não posso continuar a fingir que o não sinto, a máscara, outrora, percebi que pesava, mas ainda assim usei a força que não tinha e segurei-a no sitio, hoje cai, agora cai, não tenho força... já não tenho força, os braços pendem ao longo do corpo como se adornassem o ar que me envolve, quero parar de sentir, de lutar, chego a querer desistir e nem sei do quê, talvez de tudo, talvez de nada, resta-me lutar mas já não sei lutar, resta-me continuar mas já não sei andar, quero esquecer mas não consigo apagar.
Sinto-me só, estou só.
Não me sinto perdida, nem encontrada, sinto-me aqui, nem tão pouco me sinto parada, sinto-me apenas cansada, cansada dos dias que tteimam em repetir-se, das batalhas que teimo em perder por mais que procure vencer, dos resultados que teimam em esconder-se por mais que faça para os ver.
Sinto que não dou na medida em que recebo, que não estou presente nem ausente, que não dou de mim como sempre dei, que me afasto dos que amo, sem querer um passo de distância, que não estou para quem está e isso doi-me, doi-me tanto, doi-me mais... mais do que me posso permitir que doa, mais do que pensei poder doer!
Resta-me a esperança de um sorriso novo, de um abraço melhor, de um novo sentir, porque hoje estou só, sinto-me só... não em vós, apenas em mim!

1 comment:

Kali said...

A solidão que te vai na alma, o cansaço que teima em tomar conta de ti, o desalento e o desapego de ti própria, conheço-o tão bem, Amiga.
Já passei por isso…
Não tenho a solução nem tão pouco uma formula mágica para te dar, contudo, tenho a minha amizade, a minha mão estendida que sempre estará cá para quando dela precisares.
Agora tudo te parece vazio…
Agora não consegues, sequer, vislumbrar a luz ao fundo do túnel, porém, acredita, ela está lá, só tens é que a reconhecer. Toda a tua força, toda a tua luz e entendimento, encontram-se dentro de ti, bem lá no fundo do teu ser, à espera que a vejas com os olhos de criança, que outrora já foste, pois neles reside a inocência e a lucidez que nos permite voltar a encontrarmo-nos, voltar a acreditar e viver.
Mas deixa-me dizer-te, porque te adoro, que os “problemas” não desaparecem por si só, temos que querer e fazer por isso. Temos que dar a cara sem certezas e correr o risco (quantos mais riscos corrermos, mais recompensas obtemos) de magoarmo-nos, pois só assim saberemos toda a verdade e por mais dura que ela seja, é sempre melhor do que viver na incerteza e na dúvida.

«Fui para os bosques porque pretendia viver deliberadamente, defrontar-me apenas com os factos essenciais da vida, e ver se podia aprender o que ela tinha a ensinar-me, em vez de descobrir à hora da morte que não tinha vivido. Não desejava viver o que não era vida, sendo a vida tão maravilhosa, nem desejava praticar a resignação, a menos que fosse de todo necessária. Queria viver em profundidade e sugar toda a medula da vida, viver tão vigorosa e espartanamente a ponto de pôr em debandada tudo o que não fosse vida {…}»
Henry David Thoreau
Conta comigo!
Um beijo grande e um abraço profundo