28.6.09

A pista está vazia...

Dança-se o tango… ardente… apaixonado jogo de seduções… os olhares… os toques que se perdem em três passos rápidos e se encontram no compasso de espera, colam-se os corpos suados… ofegantes… sedentos da dança!
Dança-se como se fosse infinita a vontade de dançar… não o é!
Está cansado e quer parar… dançar a valsa no seu passo lento e seguro… no seu ritmo constante sem improviso, com dedicação, com compromisso silencioso de mais dois passos pró lado, de meio compasso, pouco sentido, na procura da certeza que o tango não dá!
Não pode dançar o tango… é o tango que o dança… a valsa? Essa não a preenche, não está ainda cansada de sentir a paixão da dança voraz, não quer estar segura nos braços de um bailarino, não quer a valsa que lhe oferece… quer que o tango o dance como a faz dançar, que o tango o satisfaça como a ela a satisfaz… não! Já não quer o tango! Quer a valsa… a valsa que o embala e lhe promete não mudar o ritmo. A valsa que o faz dono da sua vontade, que o deixa sonhar enquanto a dança, que se mostra companheira e lhe promete um bailado constante…
Ela quer o tango! Que bem se entendiam na dança, mas não se pode dançar tango na valsa… ela escolhe o tango… ele deixa de dançar!
Um dia ele dançará a sua valsa, ela deixará o seu tango… hoje? Hoje os olhos tristes da saudade serão a chama das lembranças de tão bonito bailado que, embriagados pelo prazer que os preencheu, protagonizaram um dia!
A tristeza, não escondida, perde-se num beijo de despedida de dois dançarinos que sabem ainda voltarão a dançar juntos!!!
À volta o tango continua, a sensualidade que satura o ambiente não morreu, mas para eles a pista está vazia…

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